prisioneiros-auschwitz-birkenauO dia 27 de janeiro é uma data histórica, marcada pela tristeza e pela dor. Nesta mesma data, 73 anos atrás, as forças aliadas libertaram o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau e puseram termo aos horrores aí perpetrados durante a guerra.

 

A fim de marcar este acontecimento, prestamos hoje homenagem aos seis milhões de judeus e outras vítimas que perderam a vida durante o Holocausto. Prestamos igualmente homenagem aos sobreviventes da Shoah, entre eles a primeira Presidente do Parlamento Europeu, Simone Veil, que dedicou a sua vida à reconciliação e que, infelizmente, faleceu em 2017.

O ano de 2018 marca o 80.º aniversário da «Reichspogromnacht» (Noite dos Cristais) e igualmente o 80.º aniversário da introdução de leis racistas na Itália sob o domínio do regime fascista. No entanto, em 2018 comemora-se também o 70.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que brotou dos horrores do Holocausto.

O dia de hoje deve ajudar-nos a recordar que temos que permanecer vigilantes face ao ódio, à discriminação e à desumanização. É um dia em que em que se devem igualmente confrontar todos os que divulgam mentiras sobre a nossa história e põem em causa o Holocausto ou negam a sua importância fundamental para a Europa de hoje. Como nos lembrou Simone Veil, é necessário recordar os nomes e as histórias de todos os que perderam a vida durante a guerra, a fim de evitar que desapareçam uma segunda vez.

É um dia em que devemos condenar firmemente a linguagem do ódio, da intolerância e do antissemitismo sob todas as suas formas. Precisamos de construir uma sociedade robusta que defenda os valores em que acreditamos. Precisamos de pessoas que se manifestem e passem à ação quando são testemunhas de atos racistas em público ou de slogans antissemitas nas ruas da Europa, como aconteceu recentemente.

À medida que o número de sobreviventes do Holocausto vai diminuindo, incumbe-nos a responsabilidade moral de garantir que as suas histórias continuem a fazer parte da memória coletiva da Europa, também em benefício das gerações mais jovens. A Comissão pretende, por conseguinte, reforçar a cooperação com organizações internacionais que se ocupam da preservação da memória do Holocausto, como foi igualmente solicitado pelo Parlamento Europeu. O ensino do Holocausto continua a ser fundamental para promover a resiliência contra todas as formas de ódio no seio das sociedades europeias, e o Parlamento Europeu forneceu uma definição útil de antissemitismo tendo em vista uma melhor educação e formação.

O antissemitismo constitui não só uma ameaça para os judeus, mas também uma ameaça fundamental para as nossas sociedades abertas e liberais. Recordar as atrocidades cometidas durante o Holocausto, o capítulo mais negro da história europeia moderna, é essencial para compreender o valor da União Europeia de hoje. Foi para evitar que tais horrores voltem a acontecer que criámos uma União baseada nos direitos humanos universais, na democracia, no Estado de direito e na não-discriminação, e é em nome desses valores que a devemos preservar e melhorar constantemente.

 

Jean-Claude Juncker
Presidente da Comissão Europeia