pt_72ppigr_-_copyPrefácio de Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia:

Estou certa de que muitos de vós concordam comigo quando digo que 2020 foi, simultaneamente, um ano para esquecer rapidamente e recordar para sempre.

Para esquecer rapidamente, é claro, devido à pandemia.

Os efeitos da crise do coronavírus sentem-se em todos os lares, em todos os países e nos quatro cantos da nossa União. Não quero deixar de expressar aqui a minha solidariedade para com todas as pessoas que perderam entes queridos ou foram, elas próprias, atingidas pela doença.

Mas 2020 foi também um ano para recordar.

Porque, no centro do combate a este inimigo invisível, se encontram os profissionais de saúde, verdadeiros heróis que arriscam as suas vidas para salvar outras. Presto homenagem a cada um deles, bem como a todos os trabalhadores da primeira linha que nos ajudam, a nós e à nossa economia, a ultrapassar estes tempos tão difíceis em que vivemos.

Foi um ano para recordar porque, diante da tragédia humana que nos assola, a Europa soube mobilizar-se coletivamente de forma sem precedentes na história da União. Países, cidades e regiões ajudaram a levar equipamentos médicos aonde eram necessários. Aviões europeus entregaram milhares de toneladas de materiais destinados a salvar vidas às comunidades mais vulneráveis no mundo inteiro, e mais de 600 000 cidadãos retidos no estrangeiro foram repatriados.

As empresas remodelaram as respetivas linhas de produção para satisfazer a procura de desinfetantes, máscaras e equipamento médico. E o mundo uniu-se num esforço sem paralelo de angariação de fundos, que resultou num compromisso de quase 16 mil milhões de euros para garantir a cada um de nós acesso a vacinas seguras e eficazes — porque sabemos que ninguém está seguro até que todos estejamos seguros.

As vacinas ajudar-nos-ão a regressar progressivamente à nossa vida normal. Mas nada farão para dar resposta às consequências económicas da COVID-19, nem à ameaça permanente que as alterações climáticas representam para o nosso planeta. É por este motivo que, a par de medidas para combater o coronavírus, continuámos a tomar medidas audaciosas com vista à neutralidade climática. A consecução deste objetivo traduzir-se-á numa redução mais acentuada das emissões, em investimentos maciços em tecnologias verdes e no aproveitamento de todo o potencial digital da Europa.

Estou confiante de que estamos à altura do desafio. O fundo de recuperação NextGenerationEU, dotado de 750 mil milhões de euros, ocupa o lugar central do mais significativo orçamento de longo prazo da história da União Europeia (UE), cuja capacidade financeira total ascende a 1,8 biliões de euros. Temos perante nós uma oportunidade única de investir num futuro melhor para os nossos filhos e os nossos netos. Numa Europa mais saudável, mais ecológica e mais inteligente, onde possam viver felizes, ter boas perspetivas de emprego e prosperar, sem que ninguém fique para trás.

Foi um ano difícil, mas, graças à nossa resposta à pandemia, saímos dele mais fortes, mais resilientes e mais unidos. Nunca me orgulhei tanto de ser europeia e nunca estive mais convencida do valor de agirmos em conjunto para enfrentar os nossos maiores desafios.

Dois mil e vinte foi também o ano em que o Reino Unido deixou a UE. Respeito a decisão do povo do Reino Unido, que será sempre bem-vindo na família das nações europeias. Mas, para nós, chegou o momento de virar a página do Brexit. O futuro pertence à Europa.

Em 2020, a humanidade mostrou-nos o que tem de melhor. Aproveitemos, pois, a oportunidade de continuar nessa senda. Propusemos medidas para combater o racismo, o ódio e a discriminação em todas as suas formas. Nas páginas que se seguem, ficarão a conhecer estas iniciativas e todo o trabalho que a UE tem desenvolvido ao longo da pandemia.

Ao darmos os primeiros passos no caminho da recuperação, avançamos com esperança e determinação. A Europa tem as pessoas, a visão, o plano e os recursos de que precisa para que este percurso seja um êxito.

Viva a Europa!